Como não poderia deixar de ser em noite de São João, ontem fomos manear para o Largo Marquês de Pombal em Coimbra. Por aqui ainda se mantêm as tradições das Fogueiras do São João.
Nas Fogueiras dos antigamentes "enfeitava-se o recinto, cravando-se ao centro um pinheiro ou mastro alto donde partiam festões de verdura para outros mastros em volta, ou para as paredes das casas próximas, tudo enfeitado com bandeiras e balões de papel. ao centro, geralmente num pequeno estrado ou palanque, ficavam os tocadores e em volta dançava a rapaziada, que as modas das Fogueiras são todas dançadas de roda...
Nas Fogueiras mais espontâneas e populares nada era preparado. Apenas se exigia que as pessoas soubessem cantar e obedecessem às ordens «berradas» pelo mandador. Sem mandador não havia Fogueira que prestasse. Ele é que indicava a coreografia e as «figuras» a executar: Roda à direita! Ao contrário, palmas! Mulheres dentro! E eu virei! Meia volta! Chegadinho! Tudo certo!
Havia mandadores famosos. Cada Fogueira competia com o seu. O mais conhecido de todos deve ter sido o António Calmeirão, sapateiro, cujos ditos pitorescos animavam dançadores e assistência e às vezes feriam os ouvidos mais delicados."
Ontem a história repetiu-se, mas no século XXI já ninguém exige que se saiba cantar e muito menos dançar.
Eram aos magotes à volta do coreto improvisado. Ora pisando-se uns aos outros, ora rindo a bandeiras despregadas pela falta de jeito e fraqueza de ouvido às ordens do mandador, ora ensinando os mais novos, ora emborcando um tintinho da Bairrada, ora uma sardinhita bem tostada, ora uma bifana bem engordurada...
é mesmo assim,
isto de Fogueiras de São João
leva gente até mais não
desde o grande e matulão
ao mais pequeno e maneirinho anão.
Deixo-vos com o grande hit das modinhas populares em Coimbra: O Maneio.
Ouçam e por favor maneiem, logo perceberão porque é o ex-libris das nossas noites de São João Coimbrãs.
MANEIO
(Popular)
Refrão
Ai, agora é que me eu maneio,
É que me eu maneio,
É que me eu rebolo.
Nos braços do meu amor,
Ai, agora é que me eu consolo.
Não te encostes à parreira,
Que a parreira deita pó.
Encosta-te à minha beira,
Sou solteiro e vivo só.
Refrão
Eu venho ali debaixo,
De regar o laranjal,
‘inda aqui trago uma folha
No laço do avental.
Refrão
Esta roda está parada,
Por falta de mandador,
Siga a roda p’ra diante,
Quem manda é o meu amor!
Refrão
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