Nada estava programado quando surgiu a possibilidade de ver a Danae em Évora. Para mim foi já a terceira vez e a expectativa de ver a evolução era enorme.
A Danae e o seu espírito de jovem sem papas-na-língua surgiu-me pela primeira vez nas mãos há já uns bons anos sob a forma de maquete, gravada em Coimbra, julgo eu que na RUC.
Então, o som era mais brasileiro, as letras com uma necessidade de intervenção e o estilo era o de cantautora quase solitária. Só ela e uma guitarra.
Sob este formato tive o prazer de a ver no TAGV a embalar a primeira parte de um concerto de Maria João e Mário Laginha.
Mais tarde, em 2006, já depois de lançado o seu primeiro álbum sob a alçada de Pedro Renato dos Belle Chase Hotel, Condição de Louco, o meu caminho era em direcção à ZDB. Aí a evolução já era bem notória. Já não estava sozinha em palco e notava-se que literalmente tinha saído do seu quarto. A voz, a presença, a música, tudo estava mais maduro e o saldo foi francamente positivo.
Agora, em 2010, tive finalmente o prazer de assistir ao vivo a mais uma apresentação do álbum cafuca, lançado em 2008.
Confesso que fiquei mais uma vez impressionada com a evolução. Não com o talento porque esse já há muito que era notório, mas com o à vontade. Agora sim, com este álbum, Danae encontrou a "sua praia". Menos brasileiro, embora esta nunca tivesse sido uma influência com ar forçado; mais crioulo; mais mornas; mais estórias e musicalmente mais interessante, muito por culpa de os novos crioulos. Este último álbum teve a participação de Johannes Krieger no trompete, de Raimund Engelhardt nas tablas e de Danilo Silva na guitarra, um músico excepcional.
O concerto só não foi perfeito porque Raimund andava algures perdido, presumimos todos que pelo álcool. Fora dos tempos, à procura de um protagonismo nas músicas que em nada se adequava ao perfil de grupo mostrado pelos restantes. Valeu pela paciência e sorriso largo de Danae, que de tudo fez para manter Raimund dentro da "linha editorial".
O meu jejum foi longo demais. agora já mal posso esperar pelo próximo.
Hear to Help conta com Camera Obscura, Beck, Of Montreal, Julian Casablancas, Vampire Weekend, Grizzly Bear entre outros, para a gravação do álbum composto por 17 faixas raras ou inéditas dos mesmos e a ideia foi da revista Filter Magazine e da American Eagle.
O disco será vendido apenas nas lojas da marca ou pelo site, até o dia 19 de Março, e todos os fundos serão doados para o Oxfam America’s Haitian.
As faixas:
01. Beck – “Volcano” (acoustic)
02. Snow Patrol – “You Will. You? Will. You? Will. You? Will.” (Bright Eyes)
03. Keane – “Black Burning Heart” (in French)
04. Air – “So Light Is Her Footfall” (Breakbot Remix)
05. Charlotte Gainsbourg – “Dandelion”
06. Julian Casablancas – “Long Island Blues”
07. Black Rebel Motorcycle Club – “Am I Only” (Remix)
08. The Breeders – “We’re Gonna Rise”
09. Vampire Weekend – “Cousinz” (Toy Selectah Mex-More Remix)
10. Noah And The Whale- “Love of An Orchestra” (Chew Fu Fix)
11. Camera Obscura – “The World is Full of Strangers”
12. Minus The Bear – “Broken China”
13. Of Montreal – “Take Me Out” (Live Franz Ferdinand Cover)
14. Busdriver – “Running Water”
15. Surfer Blood – “Take It Easy” (Remix)
16. Grizzly Bear – “Boy From School” (Hot Chip cover)
17. AM – “Endings Are Beginnings” (Piano Mix)
Vale a pena "Hear to Help", toca a faixa número 5: